terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O e-mail


E quando eu abri o e-mail lá estava seu nome em negrito com letras garrafais, hesitei em clicar com medo do que me aguardava, o coração acelerou e o estomago embrulhou num misto de medo, estase e adrenalina, lembro de ficar alguns poucos minutos olhando a tela e tentando imaginar o que me esperava a um clique daquele momento, tomei coragem, respirei fundo e cliquei de olhos fechados, a essa altura não sabia o que pensar, se ficava feliz ou triste, esperei tanto por este momento e quando ele finalmente chegou me faltava ar para desfrutar ou encarar o que me aguardava naquela pagina virtual.

Abri os olhos devagar e devorei com alma e coração cada letra que ocupava cada centímetro daquela carta endereçada a mim, li, reli e li novamente para ter certeza das palavras ali contidas, olhei novamente o remetente, talvez fosse trapaça dos meus olhos, mas confirmei o que já sabia, era você, eram suas palavras e eram para mim e nesse momento chorei, chorei como não chorava há quase 1ano, chorei de tristeza e de felicidade.

E quando os olhos se cansaram e as lágrimas se acabaram chorei com o coração, chorei com a alma, chorei com os pensamentos em ti, era injustiça comigo, judiação, era ironia, no email estava TUDO o que esperei meses para ouvir ou ler, tudo o que sonhei para nós dois, tudo o que planejamos tudo o que lutei para arrancar de ti, estava tudo escrito ali, numa fonte qualquer de tamanhos variados e alguns poucos parágrafos, mas ainda assim TUDO.

A cama ficou desconfortável e me sentei ao chão, pensei durante horas de frente aquela tela e sentada no chão do quarto fumei um, dois, acho que seis cigarros e novamente chorei me atentei as horas e vi que era tarde para estar acordada, mas senti em mim que ainda era cedo para dormir, entrei numa briga séria eu, coração e cérebro, os três com opiniões e atitudes distintas, conversamos sobre pós e contras e ao findar da reunião nada ficou resolvido, decidimos então tirar a sorte, aquela briga de três em um deveria acabar, gritei alto para os dois ouvirem que quem mandava era eu e minha vontade iria imperar, os dois se foram e fiquei sozinha com a tela e meu maço de cigarros.

Decidi responder a altura, mas a essa altura meu celular despertou, já era 06h15min e o tempo desse sonho havia acabado, abri os olhos devagar, olhei o note na cadeira ao lado e me situei na realidade

Era segunda feira, o sol estava alto embora fosse cedo, o jornal em minha porta trazia as mesmas noticias de sempre com personagens diferente, minha cafeteira me encarou e eu sorri para ela, tomei um banho quente e demorado, coloquei uniforme e salto alto e na frente do espelho perguntei a mim mesma:

-Ele se foi há um ano e você ainda não voltou?

E o espelho me respondeu:

-Talvez eu não queira voltar

Diante daquela resposta peguei minha bolsa, fones, celulares e chaves e fui trabalhar deixando no quarto o sonho, o note e o espelho, ao findar desse dia eles ainda estarão lá quando eu voltar... Se eu voltar.


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