quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Todo mundo já quis sentar no meio fio e chorar (Parte I)


   Era quinta feira e ela carregava consigo o cansaço de uma semana que ainda não acabará, os dias se arrastavam apesar da horas voarem, no coletivo lotado com o salto incomodando a bolsa pesada e a pressa gritando ela segurava as lágrimas para não chorar,não queria aquilo, não gostava daquela vida, o trabalho deixou de ser agradável e se tornou fardo, não conseguia tempo para se dedicar a faculdade que sempre sonhou como meta, sentia a vida lhe escorrer pelas mãos e por falar em mãos lembrou que suas unhas não viam uma manicure há meses e tentou esconder, não tinha tempo para brincar de mulherzinha e a imagem no vidro da janela comprovava isso, cabelos sem pintar, hidratar, lavar, há meses não ia a um salão, pele feia, corpo sem forma, quem se tornou você? Perguntou; E antes da resposta uma infinidade de pensamentos pularam para fora.
   A vida não lhe dava tempo, não a deixava respirar,sentiu-se presa, sufocada, quis gritar, lembrou de onde estava e calou, lembrou que precisava absorver a vida sem deixar de lado todas as outras vidas.
   Mas é difícil conciliar vidas, vida profissional, vida acadêmica, vida pessoal, vida social, vida financeira, vida amorosa, vida familiar, como se faz pra manter em ordem todas elas?
   Como faz pra segurar o próprio relógio mental, o biológico e o da parede a noite afim de descansar mais, como fazer quando seu corpo grita por lugares que seus pés nunca chegam?
   E assim como na aula de Sistemas de Informação da noite anterior ela novamente se viu sem respostas, não entendia a matéria, não entendia a vida, e olhando para fora somente o meio fio da calçada conseguia visualizar, pensou em como seria bom sentar ali e parar, sentar e chorar, sentar e por alguns momentos só ver a vida passar

Todo mundo já quis sentar no meio fio e chorar, chorar copiosamente até a alma desnudar, até as lagrimas se acabarem, até o coração cansar.

    Quando o ônibus finalmente andou e o meio fio ficou ela percebeu que não havia saída e o coração apertou, se sentiu desesperada e totalmente despreparada para esse momento, não a ensinaram sobre isso no ensino médio, não mencionaram na faculdade e a unica vontade era de sentar no meio fio e esquecer toda a realidade.

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